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terça-feira, 23 de março de 2021

Sobrevivente(s)

O original faz 50 anos.

O Fachada revisitou-o há 10.

E eu fui (re)buscá-lo hoje à estante.

 

quinta-feira, 5 de julho de 2018

Victor Jara Vive !

Era miúdo e costumava ver numa gaveta lá de casa umas cassetes da BASF que o meu pai tinha gravado, ao lado das do Zeca Afonso, do Zé Mário Branco e do Sérgio Godinho. À mão, com tinta de esferográfica azul, tinha escrito "Victor Jara" e depois, na capa da cassete, uma lista com o nome das canções (lado A e lado B). Não sei se ainda existem, mas durante muito tempo olhei para elas sem saber quem era o nome sublinhado a azul.

Soube mais tarde.
O homem da guitarra, poeta e cantor de intervenção no Chile dos anos 70, activista,
professor e Director da Universidade Técnica do Estado, e um dos primeiros a cair às mãos dos carrascos de Augusto Pinochet, após o golpe de Estado que depôs Allende.
E de como foi levado com outros prisioneiros para o Estádio Chile (hoje Victor Jara), onde foi espancado e lhe esmagaram os braços e os dedos da mão e enquanto - conta-se - lhe diziam que tocasse guitarra. E onde foi fuzilado com 44 tiros no corpo, para a seguir o abandonarem numa rua de Santiago do Chile perto de um cemitério.

Soube agora, 45 anos depois, da condenação de oito ex-soldados chilenos a 18 anos de prisão, pela morte de Victor Jara.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

sábado, 10 de setembro de 2011

Copos e cigarros

A casa dos bons amigos. Do João Tiago e da Cláudia.
Recolhemo-nos nela. Quando é preciso voltar ao que somos. Regressar. Gosto sempre de regressar. Provoca o amor.
Gin Tónico, cigarradas. Jantarada. Cigarros e mais uns uísques. Escuta-se a vida. Falamos de amigos. Do futuro, do que nos preocupa. De filmes. Das desgraças deste verão. Comparamos cidades. As melhores da Europa.
Oiço, com pena e orgulho, que o nosso grande amigo vai emigrar: Moçambique, terra de oportunidades. Eu digo que não saio de Lisboa. Troika, troika, troika.
O Sérgio Godinho reclama "paz, pão, habitação, saúde..." na aparelhagem da sala. E isso é engraçado.
A porta bate porque há uns que saem mais cedo. No dia seguinte ainda se trabalha.
É então que entra Dylan e Leonard Cohen (ao vivo in the Isle of Wight).
Os Amigos.

Na vida não há só poesia. Discutimos. Não há só romance. A vida é dura.
Também há justiça, também há revolta. Também há violência, querer bater, vingar. Mostrar o orgulho. Não aceitar o que nos fizeram. Não é bonito, nem feio. É o que é.
E por isso discutimos Maradona no Barcelona, antes do Nápoles e do Mundial.
Já 10, mas nem por isso menos verdadeiro.
E se um basco - Goikoetxea - lhe parte uma perna que o obriga a parar muito tempo e a doer tanto para recuperar, depois também há orgulho. E mesmo meses depois, há voltar. Há voltar, e não esquecer.



terça-feira, 16 de agosto de 2011

A música do Avô - XIX

A noite passada acordei com o teu beijo
descias o Douro e eu fui esperar-te ao Tejo
vinhas numa barca que não vi passar
corri pela margem até à beira do mar
até que te vi num castelo de areia
cantavas "sou gaivota e fui sereia"
ri-me de ti "então porque não voas?"
e então tu olhaste
depois sorriste
abriste a janela e voaste

terça-feira, 19 de julho de 2011

Fuck moody's. We are Meco.

Ao fim de dez minutos no Cabeço da Flauta, já temos a pele curtida pelo pó. Mas pó só há mesmo para quem não o consegue engolir e continuar de ouvidos abertos.
A primeira estação é no fazedor de canções: B Fachada.


Já tinha começado.
Fala do Sérgio Godinho e do Chico Buarque, dos amigos da Flor Caveira, de colecções do Vinicius, e de artes de prestidigitação.
P-R-E-S-T-I-D-I-G-I-T-A-Ç-Ã-O. Um gajo que canta uma palavra destas e não se engasga, tem de ser especial.
Com ar descontraído, B Fachada salta de olhos fechados da guitarra para as teclas. E das teclas para a guitarra.
A certa altura fica irritado com o som. Queixa-se para alguém da muralha de feed-back dos baixos. Alguém lhe diga que era tão forte que nos electrificou completamente o corpo quase nos empurrando para trás.
O concerto termina ao lusco-fusco.
A cerimónia está perto de acontecer. Religião.


Uma Lua já por cima de nós. Enorme, redonda e perfeita. A pedir para cantarem para ela. Para irem para o espaço com ela.
Inspiradíssimos, os Portishead mostram-nos porque tratam a música com pinças. Com o carinho reservado aos amantes. Porque entramos numa liturgia. Sagrada. Não é para estoirar de repente, nem ouvir-se a correr. Temos que a deixar penetrar. Começa quase sussurro. E quando nos entregamos ao som que produzem, é já tarde. Reféns para sempre da noite. Do lado negro da Lua.
No palco, Beth Gibbons, a feiticeira, desfia-se. Canta tudo o que tem de tocar. Em choro. Em prece. Despe-se, fímbria por fímbria. Despe-nos da alma. Arrancada com doçura. E isto é The Rip. Que não é só sublime. É monumental. De mergulhar para sempre na escuridão de um mar nunca estado e querer ir mais ao fundo. Até onde as profundezas nunca terminem. Mergulhar, mergulhar, mergulhar. A partir desse momento, já somos dela. Não queremos mais nada.


E quando nos julgávamos musicalmente dormentes. Noutra dimensão, impossíveis de tocar, quase prontos para pedir o fim, eis que aparecem 8 tipos malucos no mesmo palco onde 30 minutos antes imergíamos  para nunca mais.
Quando se falar do ano da crise em Portugal, do ano Troika, quando se falar do Meco '11, vai querer dizer-se: "Eu estive lá."
Acto 1: Portishead. 
Acto 2: Arcade Fire.
Os AF são um grupo janado de oito músicos. Multi-instrumentistas todos. Todos tocam mais que um instrumento durante o concerto, o que eu acho lindo. Tão depressa na guitarra, como no baixo, e depois na percursão, nos violinos ou num órgão. De tudo saltam e se decompõem em permanência, em estado de euforia musical.
Quando não era possível pedirem-nos mais nada, estes malucos rebentam com tudo.
Obrigado NATO. Cancelarem o concerto de Novembro foi melhor que a encomenda. A energia orgásmica do vulcão só aguentou o tempo necessário para explodir a rolha forçada.
E embora o joelho direito gritasse há tempo, temos de ir para o palco com eles.
Porque isto é o Meco. E podemos encontrar no meio da multidão escura de cem mil caras sem nome, um grande amigo que não víamos há mais de 15 anos. Quais são as probabilidades de isto acontecer?
"Uma para 30 mil.", diz o gajo. Não. Mais. Muito mais.

São 3h30m.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011