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quarta-feira, 1 de março de 2023

Dois Irmãos



Não conhecíamos Yamandu Costa, um "animal" da viola de sete cordas. 
Yamandu, um guitarrista com nome de deus índio, mais do que esfola a viola. Arranca as notas à pancada e é quase milagre que as cordas não rebentem quando as puxa e repuxa e volta a puxar, entre graves, agudos, saltitando a escala em acordes absurdos, e extraindo tudo o que as notas podem dar na busca arreganhada da pureza que tem o som. Naquele jeito de viola clássica brasileira. Que sova. Que sova.
Ao fim do primeiro tema arranca logo ovação. E não era para menos. A viola sofreu, mas não foi de choro, foi de amor à bruta, espremida até à última gota de todos os seus sucos e suor. Ficámos logo rendidos. Musicar assim merece palmas, abraços e beijinhos (e carinhos sem ter fim).
... e entra Zambujo. Que já vimos uma duas e três vezes. Essa "figuraça", diz Yamandu.
Tocam (e cantam) boleros, sambas canção, samboleros e choros. Villa-Lobos orgulharia. Também guajiras e suítes cubanas ou colombianas. E uns fadinhos ou a nossa "Estrela da Tarde", de Ary e Tordo, em diálogo tocantado. E outras que a memória não fixou, tão aparvalhada com a música toda. 
No final do concerto, perguntámos um para o outro: Onde é que andámos ultimamente ?

quarta-feira, 19 de março de 2014

Fado Maior


(foto: Nuno Fontinha)

Aquilo a que assistimos ontem no Coliseu de Lisboa não foi um concerto. É amor puro em formato de canção. São as entranhas todas, as tripas, o coração, os pulmões, a cabeça, as goelas a mexerem connosco. É fado-morna, fado-bossa, fado-alfama. É fado com calor d'Alentejo. É o vozeirão de um mulheraço embalada numa guitarra portuguesa, e uma vozinha que tremelica ao ritmo do contra-baixo, do filiscorne e do sax contrabaixo. Foi bateria, órgão e cavaquinho. Foi Fausto e 11 músicos em palco.
Separados eram uma coisa. Já tínhamos visto ambos. À Ana Moura até com os Stones e Tim Ries numa noite de jazz. Mas ontem ? ontem foi fusão pura.
O grande João Gilberto dizia que "quem não gosta de samba, bom sujeito não é, é ruim da cabeça ou doente do pé." Ou - acrescento eu - doente da alma quando o tema é o nosso novo Fado. 
Com Zambujo e Ana Moura estamos entregues aos deuses. 

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Lambreta



Vem dar uma voltinha na minha lambreta
Eu juro que eu guio devagarinho
Tu só tens de estar juntinho
Por razões de segurança
E se a estrada nos levar
Noite fora até mar
Páro na beira da esperança
Com a luzinha a alumiar


(de António Zambujo)

sábado, 29 de dezembro de 2012