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segunda-feira, 10 de novembro de 2025

Ouro negro


 

(fotos: Miana)

A família unida na Apanha que já contei aqui. Mais um ano e mais um fim-de-semana (que foram dois). 
Não chegámos à tonelada, mas valeu a pena e - diga-se - sem ajudas mecânicas. Tudo em nome do azeite. E isto é amor.

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

a miúda entrou na Fac

 

Biblioteca da Universidade de Évora 

(foto: Matilde)

segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Blue Kentucky Girl


Nashville no Alentejo

sexta-feira, 29 de agosto de 2025

sexta-feira, 25 de abril de 2025

Em cada Esquina


 "- As papoilas são os cravos do Alentejo."
(Pai) 

sábado, 6 de julho de 2024

sábado, 20 de maio de 2023

domingo, 4 de abril de 2021

Além Tejo


 «O melhor do Alentejo é uma liberdade que escolheu a ordem, o equilíbrio.»

"Alentejo"
Eugénio de Andrade/Armando Alves

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

"juntos conseguimos fazer tudo" *


Santiago do Escoural - 2020

 * disse a C., filhota número 3.

sábado, 25 de abril de 2020

25 de Abril Sempre !

Santiago do Escoural

«É precisamente em tempos excecionais que se impõe evocar o que constitui mais do que um costume ou um ritual, o que é manifestamente essencial.» (...)
«O 25 de Abril é essencial e tinha de ser evocado” (...)
«Em tempos excecionais de dor, de sofrimento, de luto, separação, de confinamento, é que mais importa evocar a Pátria, a Independência, a República, a Liberdade e a Democracia.» (...)
«Evocar o 25 de Abril é falar deste tempo, não é ignorá-lo. Invocar o 25 de Abril é combater a crise na saúde e a crise social. Invocar o 25 de Abril é chorar os mortos

Marcelo Rebelo de Sousa, 25 de Abril de 2020.

quarta-feira, 31 de julho de 2019

Os Frade


Cantinhos de Alentejo num balcão em U da Calçada da Ajuda.
Alentejo com jeitinho. Petiscos com sabor a amigos, tratados com cuidado e com calminha. Gostinhos que mexem com a boca e o coração.
E uns primos com um sorriso que se vê cá de fora.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

O lado lindo do futebol




(foto: andré, Casa Branca, Alentejo)


A História do Campeonato do Mundo está cheia de momentos de glória, exultação e euforia.
Continua a interessar-me mais o outro lado da rua, o lado dramático da bola. O lado trágico. A beleza eterna das vítimas do cruel.
As lágrimas-revolta de Eusébio porque a Inglaterra, que já jogava em casa, mudou o jogo de Liverpool para Londres para não ter que se mudar. 
A bola que vai à trave, não entra, mas o árbitro diz que sim na final de Wembley de 66 e a Inglaterra a ganhar o título à Alemanha. A vingança da Alemanha tirada a papel químico mas ao contrário no mundial de 2010. Lampard chuta, a bola está dentro e era empate, mas o árbitro vê tudo mal e diz que é não.
A máquina nova e incrível do futebol total, mais bonito, mais espectáculo, da "Laranja Mecânica" e que em duas finais consecutivas, perdeu ambas. Ou como Cruyff nunca ganhou a copa.
O Brasil de sonho, de Sócrates, Zico, Falcão, Junior, Toninho Cerezo, a ser eliminado em 82 pelos 3 golos do Paolo Rossi, sempre com mais um tiro cínico na culatra, ele que vinha de um escândalo de apostas ilegais. 
A incredulidade inglesa quando o árbitro apitou o golo com a mão do Deus Maradona em 86. As lágrimas amargas e tristes de toda a Argentina que escorriam na cara do mesmo Diego na final de 90, ele que até tinha "traído" Nápoles no seu San Paolo, vencendo a Itália de Baresi e Donadoni, lágrimas que agora não conseguia segurar apenas porque a Alemanha marcou um penalty que não existiu. Ou simplesmente porque perdeu.
O génio Roberto Baggio de 94 (nesse ano talvez o melhor do Mundo) que atira por cima da barra e falha o seu penalty na final, depois de ter transportado o país inteiro para essa final. 
O fenómeno Ronaldo que se deixou tragar pela ansiedade e já não jogou na final de 98. Zidane a fechar a carreira, expulso na final de 2006, por enfiar uma cabeçada no peito de Materazzi depois de ele ter dito duas coisas ou três da mãe ou da irmã de Zizou.
O momento mágico e louco de Luis Suaréz no último minuto do Uruguay - Gana de 2010, o avançado que faz de desesperado guarda-redes e sacrifica a pele para safar o remate que era golo certo. Chorou porque viu o vermelho e é penalty e isso é golo certo. O jogador do Gana chuta mas logo falha o castigo máximo e tudo, afinal, a valer a pena porque no desempate a penalties tudo muda e está nas meias-finais a equipa que tinha quase tudo perdido. Isto não é futebol, não é milagre. É Deus a rir-se da gente. E muito mau para o coração.
Em suma, o lado inumano ou horrivelmente humano do futebol.

Mas nunca, como no último campeonato do mundo realizado em solo brasileiro, houve maior e tão terrível fatalismo. 1950. No Maracanã jogavam Brasil e Uruguay. 200.000 almas nas bancadas. O resto de ouvido colado à rádio. Um país inteiro a respirar para ser campeão.
Começou o Brasil na frente do marcador, mas na segunda parte o Uruguay troca as voltas, mete dois golos e enterra aquele betão armado num silêncio sepulcral.
Os relatos da época contam que logo ali houve quem se despedisse da vida, lançando-se do alto das arquibancadas do maior estádio do Mundo.
Um trauma que só oito longos anos depois os brasileiros conseguiram ultrapassar, levados pelos pézinhos de génio de um menino chamado Pelé e pelos joelhos trocados de Mané Garrincha. Que poema !

quarta-feira, 19 de março de 2014

Fado Maior


(foto: Nuno Fontinha)

Aquilo a que assistimos ontem no Coliseu de Lisboa não foi um concerto. É amor puro em formato de canção. São as entranhas todas, as tripas, o coração, os pulmões, a cabeça, as goelas a mexerem connosco. É fado-morna, fado-bossa, fado-alfama. É fado com calor d'Alentejo. É o vozeirão de um mulheraço embalada numa guitarra portuguesa, e uma vozinha que tremelica ao ritmo do contra-baixo, do filiscorne e do sax contrabaixo. Foi bateria, órgão e cavaquinho. Foi Fausto e 11 músicos em palco.
Separados eram uma coisa. Já tínhamos visto ambos. À Ana Moura até com os Stones e Tim Ries numa noite de jazz. Mas ontem ? ontem foi fusão pura.
O grande João Gilberto dizia que "quem não gosta de samba, bom sujeito não é, é ruim da cabeça ou doente do pé." Ou - acrescento eu - doente da alma quando o tema é o nosso novo Fado. 
Com Zambujo e Ana Moura estamos entregues aos deuses. 

sexta-feira, 14 de março de 2014

A tournée


O Advogado levanta-se cedo. De madrugada. Hoje é Porto, cidade colo, alma gémea, do Carteiro e do Candelabro, rojões, o berço do avô querido que ele deixou para nunca mais.
Despacha o serviço. O resto é entregar-se de bandeja ao turismo gratuito de ver tudo e olhar para tudo como se fosse a primeira vez. Ao prazer hedonista que não evita. Que busca. Vivia assim. Vivendo. Entregue ao mundo. Sempre a chupar tudo. A querer tudo. E uma senhora velhota de lindos olhos azuis e sotaque apertado interrompe a conversa para vender uns fumeiros de Lamego que não há melhor !
- Sra. Juíza, não posso demorar que amanhã tenho que estar nas ilhas, em Ponta Delgada.
E lá, como ontem, acaba a apanhar o Sol que cura o inverno e sara as feridas, vai ao mercado, infiltra-se do ar cristal das ilhas desconhecidas do Raúl Brandão, virado pró mar que bate nos pontões, enquanto fecha os olhos e deixa uma Melo Abreu deslizar na boca.
É sempre assim. Ah, dolce vita
Lá vem o queijo de S. Miguel e as queijadas de Vila Franca do Campo, e o chá preto da Gorreana (que estava a acabar) e na origem sabe melhor porque fala como a gente do sotaque insular.
Nunca se repete, porque é tudo sempre diferente e os olhos nunca vêem duas vezes. Na outra semana foi o Funchal, 30 anos depois !
- Sr. Juiz, não chegámos a acordo e tenho um avião para apanhar.
Mas antes há um café que espera na praça central. O Advogado sente-se mandatado para um verão húmido e colonial. Trópicos.
Na varanda do Café Central que dá para a praça, lê as gordas do jornal (e só ! porque o resto aborrece) e fuma um cigarro demorado, para a espetada do almoço (que pingava o sangue da vaca) não acordar mal disposta. E traz coisas para os miúdos que nunca vieram. E um Madeira para beber com o Pai quando puder.
Em Janeiro foi a Chaves, quando o Marão está nevado, e traz-me lá uns pastéis. Sim, mas primeiro esta costoleta barrosã (por Deus !).
Ou Braga, Mangualde e Arganil. Ou Guarda, Castelo Branco e Covilhã. Mirandela é no fim do mês. Mas tem que ser rápido se há jogo europeu na Luz.
Na volta a Portugal, o Advogado dá tudo de si, transpira palavras e argumentos que brotam às vezes nem ele sabe bem de onde e que são tudo o que ele tem e acredita. Tenta fazer a diferença, deixar a sua marca, mas oferece também o peito todo despido para voltar ferrado. Amor com amor se paga, é o que pensa.
O Advogado em tournée sofre porque vive sozinho. No Alentejo ou mais a Sul, fica molhado do suor ainda antes de chegar à barra. 
E mói o corpo e as costas com tantos milhares de quilómetros de estrada ou de comboio ou quando perde o chão e vai a voar e isso é que é pior.
E, por isso, é que busca a companhia de todos com quem se cruza. E ama isso e chupa tudo o que consegue. Todo o tutano para ganhar o dia, que é aquilo que leva deste mundo quando partir de vez.



sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Solo Quiero Caminar




Para mim, Paco de Lucía eram tardes brutais de calor quase demente no Alentejo quando o pai colocava o jovem Paco (de 1965) a interpretar as 12 canções de Garcia Lorca para guitarra com Ricardo Modrego. Ou o disco que dedicou à mãe Luzia, filha portuguesa de Castro Marim. 
Era chegar a Madrid e enfiar-me com Ela na feira del Rastro, e comprar logo o CD que o Pepe, atrás da sua banqueta, punha nos altifalantes com o 'Entre Dos Aguas' em repeat para todos ouvirem, e invejarmos essa vida.
Era escutar bem aquele dedilhar sagrado e feroz nas noites em Espanha, na varanda da casa da praia. Era o caminho para Sevilha e lá chegar com o rádio a chorar o concerto de Aranjuez. Era toda essa imensa Andaluzia que adoramos palmilhar e que também é nossa.
Era, enfim, o 'Mediterranean Sundance', executado pelo melhor trio do mundo. Acho que foi quando ouvi pela primeira vez o "Friday Night in San Francisco" (com Di Meola e McLaughlin) que me apaixonei pela guitarra clássica. Acho que foi sentir-me perfurado por aqueles três virtuosos da guitarra que iam dando a vez entre si para o seguinte brilhar mais. Acho que foi isso que me fez querer aprender a tocar guitarra e perceber que nunca podia chegar a esse Olimpo. Já lá vão mais de 20 anos. Mas podia amar. Ao ponto de em Granada comprar um conjunto de cordas só porque eram recomendadas pelo maior.
Paco de Lucía era um Deus. Um Deus incarnado nos dedos e feito homem que brotou da terra, para se tornar o monstro gitano que se mesclava com outros géneros e instrumentos suando o som limite das suas cordas, enquanto sentava numa cadeira de verga.
Obrigado mestre, pois é hora de agradecer, pelas duas horas de paixão flamenca que me ancoraste no coração quando vieste à nossa praça de touros do Campo Pequeno. Tu que, como dizias, sofrias para dares à luz o som da tua música, mas que era mesmo assim e só podia ser assim.
Vão-se os heróis. E eu só pergunto se estão à espera que a gente avance para os seus lugares.


domingo, 11 de março de 2012

Monte de Santiago

Nesta casa há um canto. O Pai chama-o da Poesia. Por causa do Alegre e do Torga, dos versos que estão pendurados na parede do lado direito, e do banco de alvenaria que fez para nos sentarmos ali, onde um pequeno candeeiro chama os livros e os jornais.
Para mim a poesia está na janela, a janela que dá para o Monfurado. Que o Sol ilumina até à ponta dos ramos, para ver cair as folhas. Gosto de abrir esta janela completamente. De me apoiar depois no curto parapeito com os cotovelos e de olhar para as oliveiras e sobreiros de lá do fundo. De ver ainda os "carracentos" aterrar quando a tarde está no fim e já refresca.
Podia acabar aqui os meus dias. Onde o meu pai trata das videiras «como uma mãe que faz a trança à filha.»




- Ó André, só quando chegas é que se ouve aqui música.


sábado, 10 de março de 2012

Utopia

Santiago do Escoural

Na brancura da cal o
traço azul
Alentejo é a última
utopia.
Todas as aves partem
para o sul
Todas as aves: como
a poesia.

Manuel Alegre
'in Alentejo e Ninguém'

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Beijo a um filho desconhecido

Que triste.
Tu sabias tudo de nós. E nós só adivinhávamos.
Viveste submerso no oceano escuro da tua mãe que era o melhor coito que podias ter. Mas depois desaguaste num rio enorme de sangue que quase a matava.
Mas que triste.
Nunca saberás como é lindo viver e como são lindos os dias, mesmo os que não são.
Como é louco o irmão que não tiveste e tão bela a flor da sua irmã. Quem eram os teus avós e o que te podiam ensinar, e as meninas que eram primas.
Nunca saberás o que é dormir com a mulher que se ama ou a surpresa de um beijo.
Como é bom mergulhar no mar e deixar escorrer o sal para dentro dos olhos. E espojar na areia do Verão.
O que é ter bons amigos e passar noites em claro a viver com eles, e acordar no dia seguinte com uma ressaca de rebenta-miolos e depois limpar isso tudo a apanhar uma onda ou ir para um campo de futebol.
O que é pegar num carro pela primeira vez, que tem um rádio velho onde se ouvem os Led Zeppelin. E como é bom sentir o cabelo solto numa mota porque se arrisca e hoje não ponho o capacete.
E nada compensa mais do que acreditar e depois defender, sobretudo quando censuram.
Que viajar é a melhor coisa do mundo. De comboio.
Como é o mar em Zanzibar. Como são vazios os desertos de Sprengisandur ou do Sahara mas que nos fazem sentir homens de verdade. Ou como se agradece a Deus beber um gin tónico enquanto se olha para as multidões na praça Jemaa el-Fna.
Como são frescas as manhãs em Buenos Aires, e porque Roma, Paris ou Nova Iorque tinham mesmo que haver. Para nos fazer felizes.
E também não verás a vertigem do abismo dos Cliffs of Moher ou terás o sabor de uma Guinness na boca. Num pub de Belfast cheio de fumo.
Tudo o que tanto nos dão os livros e o cinema. Tudo o que não tem conta. Como uma árvore, um cheiro, uma luz. O pôr-de-sol em Santa Cruz ou o calor que não respira do Alentejo em Agosto. O que é ajudar o pai nas vindimas ou na apanha.
Nunca ouvirás o Requiem de Mozart, nem irás sacar acordes nas guitarras do teu pai. Pensar em música e que se não houvesse sons era eu que os fazia a todos.
Nunca saberás como dói perderes alguém que amas.
Ou o milagre de ter um filho. Que não podias ser.