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quinta-feira, 9 de setembro de 2021

the last mile


"We didn't rehearse, and Miles never auditioned anyone... so the stage was where shit really took place."
Foley

domingo, 31 de maio de 2020

Jimmy Cobb morreu esta semana

Não há jazz sem uma grande bateria.
Não há líder sem um grande sideman.
3 discos obrigatórios.
3 discos com Jimmy Cobb na bateria.



sexta-feira, 13 de outubro de 2017

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

(many) "Miles Ahead"

"Don't call it jazz. This is Social Music."


sábado, 7 de maio de 2016

"I wanted to make a movie that Miles would have wanted to star in."

You’ve blended your acting prowess and musical gifts in Miles Ahead, a kind of anti-biopic of one of the greatest trumpeters, composers, innovators and mad geniuses who ever lived, Miles Davis. Being the star and the director, how does the film measure up to the one you dreamed?
You know when you see photos of people who’ve climbed Everest? People often think they pop champagne and cheer. A lot of times it’s just like, I climbed this fucking mountain. I was sort of told by Miles’s nephew that they were going to do a movie about his life and I was going to star in it. And then people started calling, and the energy came this way. I wasn’t out there chasing any Miles Davis movie. I didn’t really want to do a biopic, having been in several of them, famously, including Hotel Rwanda, Talk to Me and The Rat Pack, and won awards for them. I didn’t want to be hampered by facts. I didn’t care about when Miles met Charlie Parker. I didn’t care about when he first heard the birds sing the note that made him think about “B Flat Blues.” Especially with a person like Miles, whose entire life was a canvas to create whatever he wanted—a style of clothes, music, a way of talking, the women in his life—I didn’t want to create some up-and-down story about him.

At its best, the movie plays like some crazy impressionistic mosaic.
When I met with the family, the approaches I heard all felt like different versions of the same biopic. I said, “I can try to do Ray, but do you think he’d really want that?” If someone comes to you with something different, fresher or elliptical, like “Miles is a gangster,” that would be interesting to me. I could see this sort of 1970s movie: snap zooms, push-ins, “Don Cheadle is Miles Davis as Miles Davis in Miles Ahead.” I wanted to make a movie that Miles would have wanted to star in. I drove away from my meeting with the family, got seven blocks and thought, Nobody’s going to do that unless I do. I called them back and said, “I think I have to do it.”


Don Cheadle, 'Playboy', April 2016

domingo, 13 de março de 2016

quinta-feira, 3 de março de 2016

O ano dos Jazz biopics

E eu quero todos !


'Miles Ahead' (Don Cheadle é Miles Davis)




'Born to be Blue' (Ethan Hawke é Chet Baker)





e 'Nina' (Zoe Saldana é Nina Simone)


domingo, 1 de junho de 2014

Um homem feliz


Veio fechar a tournée solo em Lisboa. Queria que o frio orquestral do CCB fosse mais como casa e então mandou pôr as luzes Blue Note, mas não havia bebidas.
Começou a pensar no pai, e saiu-lhe o rumba Armando. Falou dos discos lindos de vinil que lambia e da primeira vez que ouviu Miles com 19 anos a tocar com o Charlie Parker. Depois, com os dedos foi percorrendo o seu caminho de Bill Evans, Jobim, Miles, Monk, Duke, Stevie Wonder e Chopin. 
Intervalo e abre o coração latino, quando já se aborrece de estar sozinho no palco. Pergunta se ninguém da plateia quer improvisar com ele. Dois miúdos, o primeiro com uns 12, o segundo talvez de 16, saltam lá para cima, à vez, e de jam em jam vão cozinhando um jazz novo, irrepetível, a quatro mãos. Dois miúdos que nos fazem acreditar no futuro.
Termina capturando o Lisboa choir que ele próprio maestrou ali e acaba a transbordar do público em ritmo certo. Estas coisas não acontecem por acaso.

«É espantoso. Há como que um acordo: a espécie humana precisa de ser estimulada. Não consegue prosseguir sem isso. Perdíamo-nos, tornávamo-nos robôs. E é assim que vejo a nossa profissão; de certa forma, temos de relembrar as pessoas da natureza criativa que todos nós temos. Não só os artistas, mas todos os seres humanos. Então, quando tocamos, acordamos, e isso é inspirador. Afastam-se os problemas e os conflitos da nossa mente e surge um estado de espírito que permite uma forma melhor de desfrutar a vida, de fazer algo criativo, de tomar decisões correctas e de fazer as coisas certas.»

Chick Corea. Genial ! Foi hoje à noite.

sábado, 3 de maio de 2014

Miles Ahead


"It was with Sly Stone and James Brown in mind that I went into the Studio... to record On the Corner."

"The music was about spacing, about free association of musical ideas to a core kind of rhythm and vamps an bass line. A music where you could tap your feet to get another bass line."

domingo, 30 de outubro de 2011

Morrer em paz


Em 1991, dois meses antes de desaparecer.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

sábado, 18 de setembro de 2010

"How the fuck is he doing this ?" *

É meia-noite. Passam 40 anos sobre a morte do melhor guitarrista de todos os tempos.

 
Jimi era apaixonado pela guitarra. E um fanático da electricidade.
Ligava o amplificador e com a Fender Stratocaster nas mãos, levou o experimentalismo alucinado e psicadélico dos anos 60 a patamares nunca antes atingidos. Diz quem o viu ao vivo que Jimi Hendrix fazia a guitarra gritar. Eu só tive direito aos discos e aos filmes. Em Monterey, em Woodstock, na Isle of Wight.
Jimi Hendrix era canhoto, mas ao contrário da maioria dos canhotos, não inverteu as cordas da guitarra para tocar (como Paul McCartney). Hendrix tocava com a guitarra do lado contrário ao dos dextros, mas com as cordas na mesma posição. A corda mais aguda em cima e as mais graves em baixo.  


E fez explodir a cena musical dos anos 60 mostrando ao mundo o domínio mais que perfeito de um instrumento eléctrico. Ele que fazia amor com as suas guitarras, a quem queria mais que a qualquer mulher.
Não admira, por isso, que no fim dos seus concertos, Jimi Hendrix se encontrasse completamente exausto e esgotado. Tocava com a guitarra nas costas, tocava com os dentes, no chão, deitado, contra o amplificador, provocando muralhas de contínuo feed-back. Tocava com tudo. Ficou célebre, no concerto de 1967 de Monterey (o primeiro dos grandes concertos ao ar livre), o sacrifício final de Jimi Hendrix. Após um monumental "Wild Thing", Jimi regou a Fender com gasolina e deitou-lhe fogo perante um público atónito. Embora muitos não percebessem o significado deste gesto, Jimi Hendrix estava, no fundo, a oferecer o seu bem mais precioso aos deuses e, de certo modo, a agradecer o dom que lhe fora concedido. Um dom que meio milhão de pessoas pôde beber em Woodstock quando Hendrix fez entoar por aquela multidão adentro o "Star Spangled Banner", numa homenagem aos jovens americanos que naquele momento, bem longe dali, na selva do Vietname, caíam para nunca mais. Nunca um hino terá gritado tanto.

Jimi não sabia ler pautas, o que o frustrava, mas não impediu que criasse e dominasse a palavra música. Tudo o que sabia tinha aprendido de ouvido. De alma. Com dedos e dentes.
Editou apenas três discos de originais em vida e um álbum ao vivo - "Band of Gypsys" - em Filmore East. Até nisso se parece com outro Jim - o Dean - que também só viu estrear três filmes. Mas, ao contrário deste último, continuamos, anos após anos, a assistir aos lançamentos de álbuns póstumos com gravações inéditas num baú longe de ter fundo. Pior que Pessoa.

Jimi Hendrix andava sempre com a guitarra atrás. Até na casa-de- banho aproveitava para tocar. Adorava a amplificação do som. A paixão pelas guitarras era tal que um amigo disse mais tarde ter-lhe preocupado ver Jimi numa festa... sem ela. Estava perto do fim.

Jimi Hendrix morreu no dia 18 de Setembro de 1970. Como todos aqueles que são tocados pela magia genial dos deuses, viveu depressa e morreu mais cedo. Um músico de excepção enfiado no meio da revolução sexual, como na famosa capa do "Electric Ladyland".


* comentário de Miles Davis num concerto de Jimi Hendrix.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Voodoo Jazz

Quando há 40 anos teve lugar aquele que foi o maior festival de música de sempre (pelo menos em assistência), muitos são capazes de ter estranhado um nome no meio de grandes bandas de rock e folk do momento que iam actuar. No cartaz estava Miles Davis.
No Festival de Isle of Wight de 1970 - aquele que superou as 500.000 pessoas de Woodstock do ano anterior - figuravam, entre outros, Jimi Hendrix, os The Who, os Doors, os Emerson, Lake & Palmer, os Moody Blues, Jehtro Tull, e artistas como Joni Mitchell, Richie Havens, John Sebastian e Leonard Cohen (numa mítica actuação pela madrugada fora, arrastado para um palco para acalmar o motim que tinha começado entre o público). O Verão do Amor de '69 tinha terminado, aliás como o Festival de Altamont,  organizado pelos Rolling Stones em Dezembro desse ano, tinha tristemente anunciado, com um tipo esfaqueado a escassos metros de Jagger e Richards.
Mas em Isle of Wight aparecia também  o maior nome do Jazz de todos os tempos: Miles Davis. Ele que já andava a sacudir o jazz (clássico) das costas há algum tempo, especialmente a partir do ano anterior quando começou as gravações do álbum "Bitches Brew". Um álbum que ficou para a história. Uma história que começa logo na magnífica capa do disco com uma pintura encomendada a um amigo e que revela o seu caminho: uma odisseia experimental e emancipatória afro-espacial da era do Aquário.

Chamaram-lhe de tudo: jazz-rock, jazz-fusão, jazz-psicadélico, jazz-avantgarde, tudo-menos-jazz. Para Duke Ellington, Miles era o "Picasso do jazz".
Jack Dejohnette definiu-o de outro modo. Que Miles estava numa crise de meia-idade. Tinha 40 anos e estava farto de tocar em clubes nocturnos para gente de 50 e 60 anos. Tinha namoradas 20 anos mais novas que ele e queria ser relevante outra vez, conta a revista 'Uncut' de Agosto. E estava pronto para criar e revolucionar a música. "Tenho de mudar constantemente. É uma maldição." 
Miles Davis estava na vanguarda da música. Disso não há dúvida. E contava ao seu lado com nomes enormes e que se fizeram maiores ainda: Wayne Shorter, Chick Corea, Keith Jarrett (ao vivo), John McLaughlin (que teve direito a um tema no disco com o seu nome), Dave Holland ou Don Alias, tudo músicos que, sentados num semi-círculo, o veneravam e obedeciam ao trompete mágico e hipnótico que se erguia sobre eles. Sem saber ao que iam.
Chick Corea, um fanático do som límpido e cristalino do piano clássico, e a quem Miles tinha posto a tocar um órgão eléctrico, perguntou-lhe o que devia fazer para lhe retirar o seu som "lamacento". Miles respondeu: "Não toques."
A John McLaughlin disse no início das sessões que tinha que tocar guitarra como se não soubesse tocar guitarra.
As influências psicadélicas e technicolor são notórias.
Miles estava definitvamente apaixonado por Jimi Hendrix, de quem se tornou amigo, e pela forma como este "iletrado" da música extraía sons avançados e inacreditáveis da guitarra eléctrica. "How the fuck is he doing this?". E depois mandava-lhe pautas com ideias novas que Jimi, que também o admirava e respeitava imenso, devolvia por não saber ler.
Miles estava convencido que podia montar a maior banda de rock & roll que alguém já tinha ouvido e recheou o disco com todas as técnicas mais avançadas do estúdio enquanto instrumento musical, criando loops, efeitos e distorções sonoras até chegar à ideia do que queria. Um disco que viria a influenciar gerações e gerações de músicos de jazz, rock ou outros habitats.
E foi assim, num ambiente esfuseante de improviso, que Miles e o seu grupo de pioneiros subiu ao palco em Agosto de 1970. "Se acham o disco estranho, não sabem como era louco ouvirem-nos ao vivo." (Dave Holland). 
Num registo de sonho complexo, mas, acima de tudo, introduzindo-nos a todos num mundo fantástico: "Bitches Brew", agora reeditado, é obrigatório.