"Les Deux Magots", P.
Não havia um separador central. Ou se havia, então era imaginário e ele cruzava-o contantemente.
Não havia uma estrada feita, nem universos paralelos. Não havia destino. Não havia é este que. E Deus não escreveu em que paragem é que saio.
O caminho ia trilhando. Navegava num percurso que acordava sempre novo e deserto. Que se ia enchendo. Das árvores que via, de prédios, dos livros que lia, de acordes, de movimento perpétuo. De silêncio também. Do cheiro e dos sons.
Mas de gente. Dela. Das pessoas lindas ou dos rufias que conhecia. De beijos. Dos cabelos brancos que despontam fatais, com o propósito de serem. E, ao fim do dia, ria-se dos putos, mesmo quando era suposto zangar. Do mar todo. Da vista do Pico.
Tudo queria agarrar para sempre.
Era assim que queria fazer a sua estrada. Olhar todos os dias para o dia.
E mesmo que lhe dissessem que o tempo era uma coisa esquisita. Que há sempre um antes e um depois de, que nunca mais podia ser igual, não tinha parado. Porque nunca pára, mesmo que parasse. Para olhar e ter a falta.
Continuou, como continua tudo sempre. Como continua tudo um dia.
Porque não havia destino, não há uma rota própria e única. Nada está decidido. Nada mesmo nada.
E não há separador central. Como se nalguma linha secreta do horizonte se pudesse abrir outra, que logo se fechasse e voltasse ao que era antes.
Touché. Again.
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