quinta-feira, 22 de março de 2012

Há mulheres que não morrem nunca


Há mulheres que nunca cansam. Que nunca são demais.
Como há música que nunca chega. Que não farta e acaba.
Como Lhasa de Sela.
Lhasa morreu no primeiro dia do ano 10, como quem diz que é cedo que se começam as coisas, mesmo aquelas que se não conhecem. De um cancro encravado que lhe minou o peito e que lhe arrancou o sangue que vivia dentro. Com 37 anos, como quem diz que é cedo que se parte para as coisas novas. Para o mistério das coisas novas.
Lhasa não teve muito tempo. No mundo que conhecemos e a que demos o nome chão.
Deixou para trás a voz dorida, llorona, chorada, gravada em três discos, brotada das veias em alguns concertos que fez pelo mundo.
E a vida continua para além da morte. Con toda palabra.



Com palavras sangradas que verteu num álbum de capa linda que, diz a lenda, é a mulher que caminha ao luar.


Que el desierto es más tierno y la espina besa mejor
He venido a este centro de la nada pa gritar
Que tú nunca mereciste lo que tanto quise dar
Que tú nunca mereciste lo que tanto quise dar
He venido al desierto pa irme de tu amor
Que el desierto es más tierno y la espina besa mejor
He venido a este centro de la nada pa gritar
Que tú nunca mereciste

('El Desierto')
Lhasa de Sela
(1972 - 2010)

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