Nesta casa há um canto. O Pai chama-o da Poesia. Por causa do Alegre e do Torga, dos versos que estão pendurados na parede do lado direito, e do banco de alvenaria que fez para nos sentarmos ali, onde um pequeno candeeiro chama os livros e os jornais.
Para mim a poesia está na janela, a janela que dá para o Monfurado. Que o Sol ilumina até à ponta dos ramos, para ver cair as folhas. Gosto de abrir esta janela completamente. De me apoiar depois no curto parapeito com os cotovelos e de olhar para as oliveiras e sobreiros de lá do fundo. De ver ainda os "carracentos" aterrar quando a tarde está no fim e já refresca.
Podia acabar aqui os meus dias. Onde o meu pai trata das videiras «como uma mãe que faz a trança à filha.»
- Ó André, só quando chegas é que se ouve aqui música.
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