"We can not escape from each other.", tinham repetido em voz alta.
Duas mulheres amavam-se. Tinham-se amado e nunca deixaram de amar-se tanto tempo já tinha passado. Duas mulheres verdadeiramente amado.
Demoraram demais a chegar, e talvez isso explicasse ter sido tudo tão rápido, censuravam numa sombra de tristeza que era a nuvem do amor imperfeito. Talvez por isso não tivessem dado ao tempo o espaço que ele precisava.
Se o encontro não tivesse sido provocado, teriam sido conhecidas quase por acaso.
Escancararam-se. Despreocuparam-se e ficaram escancaradas e sem guarda.
E foi já tarde. Porque não podiam partir e ser uma da outra como estava nas estrelas. Tinham que ficar. Com uma ferida do tamanho do corpo. E como qualquer ferida que não tem cura, de vez em quando voltava a abrir. E doía-lhes outra vez. Embora se convencessem que não. Repetidamente, embora os anos tivessem pernas.
Ou se não abria, era apenas a dor da cicatriz quando lhe tocava. Que doía também quando não lhe tocava.
Viveriam assim, separadas por um imenso território por explorar. Amigas prometidas para a eternidade, a cantarem as saudades de um amor não consumado. Até ao fim de todos os tempos.
Se ao menos não se lembrassem (demasiado bem) da canção d'A Naifa,
"Foi como amor aquilo que fizemos/ou tacto tácito?-os dois carentes/e sem manhã sujeitos ao presente;/foi logro aceite quando nos fodemos",
talvez pudessem ficar em paz. Talvez acreditassem.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Are You talkin' to Me ?