domingo, 14 de setembro de 2014

Bergen (3º dia)




(foto: andré)

O homem saído do "Matou" foi só assombração. O que não foi assombração foi o colchão que tínhamos na cama e que era mole e não nos deixou recuperar do cansaço do dia anterior. E, portanto, a vontade foi sair rápido e apanhar depressa o ar fresco da rua.
Volta enorme pela cidade. Bryggen primeiro, os velhos wharehouses, o labirinto de armazéns onde durante séculos se guardaram peixe e cereais e que agora adaptaram a galerias, estúdios de pintores e escultores, onde se trabalha joalharia, e que convivem com bares, comércio tradicional e lojas de souvenirs.
Depois, a outra margem, que é mais alta e onde os turistas chegam menos. A escola já começou e podemos ver as coisas como elas são. Pais a deixarem os filhos, que levaram de bicicleta em atrelados ou cadeirinhas, uma banda rock a ensaiar num andar baixo de uma casa, camionetas a descarregarem os barris de cerveja, estado puro.
Ao almoço, conhecemos Onna, uma rapariga de Barcelona que nos conquistou com um mix de mexilhões, salmão e caranguejo real. Foi numas barraquinhas simpáticas estacionadas na praça central, e onde se reúnem "os latinos". 
Os italianos têm a coutada dos enchidos, de baleia, alce ou veado. Os espanhóis ficam com o marisco. E os portugueses - sim, não falham - é com o bacalhau, o salmão fumado, recomendado com um "tempero especial", e os caviares. Jorge, dono de uma forte bigodaça, veio de Viana do Castelo e passa 4 meses por ano na Noruega, para equilibrar as contas. Já estava em contagem decrescente para o regresso a 27 de Setembro que "uma vez passei cá um inverno e é de morte".
Foi o momento mais animado do dia. O momento em que reencontrámos o barulho do Sul, cada barraca apregoando o seu negócio e a chamar clientes, porque o resto das ruas continua clean. E continua a calma e o silêncio, mesmo sob a forma de jogging.
Encontramos uma loja de discos bem traçada. Nunca resisto.
À noite, ainda a barriga a lembrar a brutalidade do mix ao almoço, jantamos uma tábua de queijos (franceses) e um copo de vinho (italiano), num restaurante com tijolos à vista. Explicamos a Morgan, um cruzamento louco da Suécia com o Egipto, que têm que aprender a conhecer os vinhos e queijos portugueses. Que têm de se abrir a este pobre país do Sul. Ele diz que ainda é cedo. Que ainda lhe doem os golos do Ronaldo na eliminatória contra a Suécia, mas daí a conversa parte para tudo o resto e a noite termina num ambiente dialético que não envergonharia uma tertúlia em Lisboa do Cardoso Pires.

(foto: andré)

1 comentário:

  1. Grande,
    Acompanho sempre, continua, e descreve-me esses fjords porque é um dos spots que tenho fisgado desde sempre.
    Abraço

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