Mostrar mensagens com a etiqueta Gulbenkian. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Gulbenkian. Mostrar todas as mensagens

domingo, 29 de setembro de 2024

domingo, 17 de outubro de 2021

domingo, 14 de abril de 2019

O meu cérebro

Gulbenkian - 17h59m




Com a cor inevitável.

terça-feira, 6 de junho de 2017

Almada interminável


Almada Negreiros no CAM da Gulbenkian (a nossa Serralves). O artista futuro, que dizia que as pessoas que mais admirava eram "as que nunca acabam". Almada nunca acaba. É interminável.

terça-feira, 28 de abril de 2015

Ciclo Rossellini no Nimas



«17 de Novembro de 1973 foi a noite da mais memorável sessão de cinema do meu filme da vida. Nunca tive outra igual e duvido que venha a ter. Passou-se, ou fixou-se, no Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian e o filme projectado na tela chama-se Roma Città Aperta. [...]
Quando Rossellini chegou à Gulbenkian, não cabia na sala um alfinete. (...) Não se ouviu uma mosca durante os 100 minutos de projecção do filme (...) Quando apareceu na tela a palavra "fim", a sala levantou-se em peso para a maior ovação de que me recordo em sessões de cinema. No palco, Rossellini "com uma emoção que não disfarçava, mas também não exibia" como escreveu Helena Vaz da Silva no dia seguinte, esperou 10 minutos (não exagero) antes de conseguir agradecer. 10 minutos em que os "bravos" deram lugar a distintíssimos brados do género: "Abaixo o fascismo" ou "Liberdade, liberdade". [...] à saída as pessoas abraçavam-se e muitas choravam. Quem não esteve lá nunca imaginará. [...] Rossellini estava espantadissimo. O filme tinha tido acolhimentos desses, mas em 45 ou 46, no fim da guerra e do fascismo em Itália. Vinte e oito anos depois que "aquilo" ainda funcionasse assim, parecia-lhe da ordem do inexplicável. "Que país era este?" Lá lhe expliquei como pude. Foi então que Langlois, mais frio, me disse que o país podia ser assim ou assado, mas dentro de bem pouco tempo muitas coisas se iriam passar aqui.
Habituado, há vinte anos, a frases dessas, respondi-lhe com enorme cepticismo. Alguns meses depois, a seguir ao 25 de Abril, lembrei-me desse comentário e perguntei-lhe porque é que ele tinha dito aquilo, como é que tinha adivinhado, "Sabe"- ripostou-me - "o cinema mudo ensinou-me a ver muito". Não foi a algazarra  que me impressionou, mas as caras das pessoas. As caras dos maus e as caras dos bons." E repetiu, a rir-se: "Le cinéma muet, le cinéma muet"

João Bénard da Costa, Os Filmes da Minha Vida, Os Meus Filmes da Vida,
Assirio & Alvim


NB: Não estive na Gulbenkian em 1973. Não era vivo sequer. Todas as memórias que tenho do 25 de Abril derivam do que os Pais sempre me contaram, do antes e depois, do que li nos livros de História e das imagens que vi em documentários ao longo de 37 anos, tudo se sobrepondo num enorme cabaz heróico que é o meu próprio imaginário. Não vivi, por isso, este momento mágico que Bénard da Costa relatou.
Mas fui hoje ao Nimas, recuperar a versão restaurada de uma história contada por um Mestre contador que é bem de ir às lágrimas. A grande Anna Magnani, no papel dessa mulher latina e honrada que tudo sacrifica pela família, pelo amor e pela pátria. O padre Don Pietro, homem da Resistência à ocupação nazi, pedindo a Deus que amaldiçoe os verdugos que torturam até à morte Giorgio Manfredi. As crianças e o futuro da cidade eterna.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

O "Jardineiro de Deus" - II

(foto: andré)

Acho que sempre gostei da Gulbenkian.
Lembro-me sempre de percorrer o Jardim que, quando era miúdo, pensava que era mágico. Como se fosse uma floresta encantada para quem saía do centro irritado das avenidas novas.
Vinha com os pais e a irmã de um café ou pastelaria, ou do bife do 'Galeto', ou de casa dos avós, e parecia que tudo ali parava e os relógios deixavam de existir.
Havia poucos jardins em Lisboa, e este era nosso.
As árvores, a terra húmida e a vegetação abundante, o lago no centro e os cursos de água que se ouvem em todo o lado, o emaranhado dos passadiços e as esculturas espalhadas pelos cantos, eram o suficiente para não deixar ali penetrar tudo o que fosse mal.
Depois íamos para a parte do museu, o Centro de Arte Moderna, na altura - anos 80 - das poucas, senão única, oferta de arte contemporânea que havia em Lisboa. Gostava dos espaços abertos e dos quadros com várias cores e nem sempre óbvios e fáceis. Gostava quando me perguntavam "O que é que isto te parece ?", e aí sentia-me um Senhor !, de opinião autorizada.
Nunca o refúgio da Gulbenkian deixou de me atrair. Achava o Jardim irresistível, totalmente, e, por isso, já na Faculdade, era para onde decidia levar as minhas namoradas. Para o bosque da Gulbenkian. No princípio, talvez elas estranhassem, mas, assim que pisavam o sítio, o feitiço funcionava, e eu só tinha que aproveitar.
Nessa altura, comecei também a frequentar as salas dos concertos, o "Jazz em Agosto", e, uma vez ou outra, a Biblioteca. Nunca ficava lá a estudar. Sempre achei que era um bocado chato ir ali só para estudar. Dizia à mãe que ia à Biblioteca da Gulbenkian - o que a deixava contente -, mas depois entretinha-me nos corredores dos livros, a olhar para as prateleiras e a ver lombadas.
Caramba !, até a primeira reunião política com a malta da Faculdade foi no anfiteatro da Gulbenkian !
Quando comecei a trabalhar, vim parar à Av. AAA, mesmo em frente à Gulbenkian de quem continuei amante. Às vezes só da "cantina", com os livros da 'Almedina' a chamarem mesmo em frente. Parecia magia, outra vez. 
Não sei se é a isto que eles chamam tradição, mas, agora, com alguns pêlos brancos na barba, é também onde me repito com os putos, deixando o poder do feitiço funcionar.

Tudo isto para agradecer a Gonçalo Ribeiro Telles, o Arquitecto prémio "Nobel" da paisagem, que, com António Viana Barreto, criou o magnífico Jardim.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

O "Jardineiro de Deus" - I



"Nunca estive tão envergonhado para falar."

Gonçalo Ribeiro Telles, 90 anos, vencedor 2013 do Prémio Sir Geoffrey Jellicoe para os arquitectos paisagistas.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Sophia



Não creias Lídia, que nenhum estio
Por nós perdido possa regressar
Oferecendo a flor
Que adiamos colher.


Cada dia te é dado uma só vez
E no redondo círculo da noite
Não existe piedade
Para aquele que hesita.


Mais tarde será tarde e já é tarde.
O tempo apaga tudo menos esse
Longo indelével rasto
Que o não-vivido deixa.

Não creias na demora em que te medes.

Jamais se detém Kronos cujo passo
Vai sempre mais a frente
Do que o teu próprio passo.

Antologia, Homenagem a Ricardo Reis, 1972

Hoje e amanhã, Colóquio na Gulbenkian dedicado à obra da maior poeta portuguesa. Que sorte ter sido nossa.