quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Sophia



Não creias Lídia, que nenhum estio
Por nós perdido possa regressar
Oferecendo a flor
Que adiamos colher.


Cada dia te é dado uma só vez
E no redondo círculo da noite
Não existe piedade
Para aquele que hesita.


Mais tarde será tarde e já é tarde.
O tempo apaga tudo menos esse
Longo indelével rasto
Que o não-vivido deixa.

Não creias na demora em que te medes.

Jamais se detém Kronos cujo passo
Vai sempre mais a frente
Do que o teu próprio passo.

Antologia, Homenagem a Ricardo Reis, 1972

Hoje e amanhã, Colóquio na Gulbenkian dedicado à obra da maior poeta portuguesa. Que sorte ter sido nossa.

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