"I hear the train a comin'
It's rollin' 'round the bend,
And I ain't seen the sunshine,
Since, I don't know when,
I'm stuck in Folsom Prison,
And time keeps draggin' on,
But that train keeps a-rollin',
On down to San Antone."
Folsom Prison Blues
Em 1968, o tão perturbado quanto genial Johnny (rebelde) Cash tocou para uma plateia de presidiários. Foi em Folsom Prison, uma cadeia de alta segurança na Califórnia, não muito longe de Sacramento. Nessa noite não havia criminosos para Cash. Ele próprio um ex-presidiário, quis que fossem homens outra vez. E foram.
No ano seguinte, Cash foi a San Quentin, outra cadeia da Califórnia onde os condenados esperavam na death row.
Cash gravou os concertos e não editou nada. Todos os sons se podem escutar e não apenas a música. Portas que rangem, gradeadas. As vozes mortas daquele público miserável pedindo que toque o "Walk the Line". Quase sentimos o cheiro da cantina. Dos tabuleiros. Imaginamos. O toque para recolher. A contagem. Os guardas. As grilhetas. O passo lento da forma. As noites sempre iguais e intermináveis. E depois, uma última voz no silêncio: DEAD MAN WALKING. Nos altifalantes.
Johnny Cash voltaria mais tarde para outros concertos. Ficaram célebres. Mas longe de toda a história, houve homens. Condenados, assassinos terríveis, sanguinários, violadores, toxicómanos, psicopatas, gente capaz do pior que o homem pode, mas que nessas horas, tão breves que eram minutos, foram livres. Homens outra vez.
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