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quarta-feira, 10 de novembro de 2021

25 anos do estoiro


É bom ter a idade que tenho.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Tattoo Me *


* Já o disse aqui

terça-feira, 7 de março de 2017

T2



Aí estão os 40, by geração '77. Três amigos já + o 'Animals' dos Pink Floyd e o Taxi Driver.
E depois há o T2.
T2 é uma visita a nós próprios. 
«So, what you've been up to ? for twenty years ?». Assim começa o reencontro. 
De Renton com Sick Boy no pub, enquanto interrompe a tacada no bilhar. Mas também o nosso. Connosco. Esta pergunta é para nós. Somos nós que estivemos fora. 20 anos. A tratar da vida. O que é que fizemos. Onde é que fomos. Quem conhecemos. O que nos fizeram. O que escolhemos. 
«Não fizeste nada de especial. Tens três filhos e isso já não é mau.», diz-me o Sérgio.

... o que mudámos, onde falhámos, quantos golos marcámos ou que ficaram pelo caminho.... o que... 


“A idade é cruel, e isso é uma terrível lição que não podemos evitar. Tentamos aceitá-la o melhor que podemos ao longo da nossa vida. Mas o Danny di-lo na perfeição: quando somos novos, nunca paramos para pensar no tempo. E à medida que envelhecemos, percebemos que é o tempo que não pára por nós, e já não nos sobra muito." (...)
“Achamos que somos as mesmas pessoas que éramos,” (...) “mas quando olhamos para trás há tantas coisas que vemos de maneira diferente, coisas que nos marcaram sem termos consciência disso… (...) Um filme como este força-nos a compreender que já não temos a idade que sentimos que temos.”, agora quem fala é o Ewen Bremner (aka 'Spud').

T2 é um confronto. Com o que ficou para trás, e para onde é que vamos agora. 
Até temos medo de abrir a porta e entrar. Para não estragar. Mas depois o filme começa e esqueces-te disso tudo.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Choose Life

A ocasião é para celebrar. Não sei se com um remake como está prometido - Mark Renton ia preferir um chuto e é sempre complicado regressar a um sítio onde se foi feliz -, mas é não menos que irresistível voltar 20 anos atrás para a estreia do Trainspotting. 

Chamar-lhe o filme de uma geração é cliché. Mas então como é que tratamos o primo que não conhecíamos e nos trouxe aquela pilha de discos incrível ? Como é que se descreve uma marca que nos fica agarrada tanto tempo ? Ok, pode ser tatuagem, Sr. Iggy Pop.
Tínhamos 18 anos e estávamos na universidade, o que só por si já é encruzilhada suficiente. O objectivo era encontrar o caminho mais curto para fora da adolescência, quando, Bang !, toma lá, disse o Danny Boyle, e boa sorte ! Só para te dar o cheirinho agridoce de outro horizonte. A vida não é só o bairro limpo onde vives, boy. E como não era, toca de sentar duas vezes no cinema só para perceber bem o que era aquilo.
Nota mental: depois repetir sempre que possas.

Trainspotting é um filme ácido, com sentido de humor. Os diálogos são dessa carne. Também metafísica. De como a vida pode ser lixada. De como há vidas completamente lixadas. E não é da droga (ou só da droga), mesmo que ela nasça sempre na ponta de uma agulha, servida numa bandeja da "Madre Superiora" ou em supositórios de ópio quando não há mais nada em Edimburgo e arredores, e é preciso mergulhar na worst toilet do país.
Trainspotting, sempre achei, é sobre procurar um caminho para fora daquilo. E aquilo tanto pode ser a heroína, como o hooliganismo de um amigo, a sacanice de outro ou a própria antecâmara da morte, ao som de Lou Reed.
Nunca foi um convite à dependência. É exactamente o contrário. Achar uma forma. Experimentem. Fugir ao império escrito dos mais velhos, à rotina trilhada por outros com demasiado medo de arriscar. Ao colesterol, à televisão panorâmica, às máquinas de lavar, ao seguro dentário, à hipoteca da tua casa, e por aí fora. Sobreviver. Sonhar. The end.
E depois, embrulhadinho numa banda sonora que é um "best of" de um brutal festival da época, e escolhida a dedo por gajos da nossa idade ! Ou que a tinham tido. E só por isso já valia a pena gastar todos os escudos rançosos dos nossos bolsos.
A caminho da faculdade de Direito, três gajos num velho Talbot, cor de creme, a apodrecer, e com garrafas de vodka a boiar da noite anterior, enquanto tocava no aparelho o "Born Slippy" dos Underworld.

A faculdade ia passar. Nós íamos continuar a sair à noite, conhecer outras miúdas, com sorte, a mulher da nossa vida. E sobretudo viajar. Todos os anos, com os melhores amigos, nos comboios da Europa.



sábado, 18 de julho de 2015

Best Of


Não é fácil constatarmos que já passaram 20 anos. Nunca é.
Parece muito tempo e, de certa maneira, é.
E não é fácil prepararmo-nos para rever uma banda ao vivo passado todo esse tempo. É arriscado. Perigoso. Em dia-não, podemos mesmo sofrer a desilusão de quando se cresce e se percebe que o mundo é afinal mais pequeno do que pensávamos. E tudo afinal não passou de um borrão (blur). Pode ser a ruína.

Há 20 anos os Blur vinham tocar ao Coliseu de Lisboa. Coisa nova para estes lados.
A sala transpirava de cheia. Vinham na tournée de 'Great Escape', já o quarto álbum.
Quatro rapazes que tinham inventado a brit pop. No auge dos pólos Fred Perry e da guerrilha com os Oasis.
Damon Albarn haveria de terminar o concerto em cima de uma coluna de 3 metros de altura. No final talvez se tenha projectado. Depois viriam as canções para o Trainspotting.
Na altura, a vida estava apenas no princípio. Não havia facebook, nem telemóveis.
A faculdade ainda era só começo. O liceu ficava finalmente para trás e o que nos prendia à infância e que já morria. The Great Escape éramos completamente.
Queríamos escalar todos os degraus e ir para o centro do universo. Instantaneamente. Onde a acção acontecia.
O mundo era novo e tínhamos uma vida inteira para ir e regressar. Sem rede e de pulmões escancarados, com a paixão de quem respira de verdade. 
A vida mudou e o mundo ficou estranho. Estamos mais velhos, temos famílias, profissões, somos responsáveis e temos pessoas que dependem de nós. Já não viajamos com os amigos nos comboios da Europa. Lemos imensas coisas, ouvimos muito mais. Estamos diferentes.
Cometemos erros, não cumprimos todas as promessas, mas ainda tentamos fazer a diferença. Dia-a-dia. So we say.


Os Blur têm todos 40 anos, e nós quase. E por isso recebíamo-los com o desdém de quem já anda nisto há algum tempo. Copo de cerveja na mão, sentado e bem reclinado para trás, exibindo indiferença. Não pensem que vai ser fácil. Que é só chegar. Vão ter de provar tudo outra vez. 
Primeira canção. Novo álbum. Nem me levantei. Quanto mais palmas.
Só que eles vinham em missão e, logo à segunda, "There's no other way", para mostrar que quem mandava ainda eram eles e não o céptico ali do canto. 
A partir daí, rendição total: Beetlebum, Song 2, Coffee and Tv, Parklife, No Distance Left to Run, Tender, Girls and Boys, To the End, This is a Low, For Tomorrow, Out of Time, e terminar com o absolutismo de Universal. Digo de cor e não pela ordem certa. E sempre recusando ceder à previsibilidade de um Country House que podia estragar tudo. 
Os Blur regressaram a Lisboa e afinal continuaram. Mas melhores. Quem se desmoronou fomos nós.
É a isto mesmo que se chama crescer. Mudarmos sem perder.

E é isto The Magic Whip.


domingo, 9 de março de 2014

"La Solitude"



Je suis d'un autre pays que le vôtre, d'une autre quartier, d'une autre solitude.
Je m'invente aujourd'hui des chemins de traverse. Je ne suis plus de chez vous.
(...)
Je voudrais m'insérer dans le vide absolu et devenir le non-dit, le non-avenu, le non-vierge par manque de lucidité. La lucidité se tient dans mon froc.

[Léo Ferré, 1971]

segunda-feira, 9 de abril de 2012

"All things Must pass" *

Conta hoje a Rolling Stone que Damon Albarn pretende enterrar definitivamente os 'Blur' após o concerto de encerramento dos Jogos Olímpicos de Londres em Hyde Park, que terá lugar no verão deste ano.
Parece-me bem. Não há nostalgia que resista quando acaba a tesão ou se perde o norte e, por exemplo, o baterista vira político. 
Mesmo que todos nos lembremos ainda da explosão que eles foram em 95/96 (onde os apanhei num Coliseu de Lx. à cunha), e a dinamite de sobra que tinham para brutalizarem a banda sonora do grande filme desse ano.



* ensinava George Harrison.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Fight Club

Nota: o texto que segue foi publicado pela primeira vez no blogue encostado  do "Alcatrão & Penas". Recupero-o agora, adaptado, um ano depois, porque o(s) dia(s) justifica(m).

Houve fome.
Falando apenas do séc. XX, sucessivas convulsões políticas, sociais, económicas a que os nossos pais, avós e bisavós sobreviveram. Alturas de fome e verdadeira escassez. Duas guerras mundiais, recessões económicas, queda de impérios coloniais, independências. Choque petrolífero. Filas e senhas de racionamento. Fome. Para chegarmos à Liberdade.

Tyler Durden, o lendário Tyler do “Fight Club”, num dos melhores diálogos do filme, diz a determinada altura que eles (nós) pertencem(os) à Geração do Meio.
Queria ele dizer – julgo – que, como o irmão do meio, filho para quem em geral a família se está nas tintas, à nossa geração (dos 30) também ninguém liga muito, vá, nada.
Tyler depois desenvolvia um bocado a ideia: que éramos uma geração facilitada, que não havia grande rumo, que as dificuldades tinham ficado para os mais velhos e que a nossa geração estava basicamente entregue a si mesma porque ninguém queria saber de nós, nada iria acontecer de relevante nos nossos anos e não íamos ficar na História.

Há algo de assustadora e desesperadamente verdadeiro nisto.
Só não concordo com a conclusão: não ficarmos na História.
Tenho pensado muitas vezes neste tema. Tenho discutido muito, e o que digo, apesar da veemência do discurso, não tem feito muito eco. Aliás, que me recorde, só uma pessoa esteve comigo. Um raio, ou melhor, um corisco.

O problema é, em suma, este.
Nascemos e crescemos em democracia. Temos conforto, sofás e há o IKEA. Depois da revolução, depois do FMI, a CEE. E os anos 80 e 90, anos de progressiva ascensão económica e social. Chegámos ao mercado de trabalho em 2000. As nossas vidas foram bestialmente perfeitas, certinhas e previsíveis.
Quando podíamos ter ido fazer qualquer coisa, escolhemos uma carreira. Mark Renton, no final do Trainspotting dixit. E pronto. Uns melhor, outros menos bem, começámos a trabalhar e a ganhar (logo) relativamente bem. Não havia sobressaltos. A vida corria como planeado, temos 30 anos e não havia crises.

Claro que havia (ainda há) as ameaças do terrorismo, mas que também servem para financiar o produto armado. E o que é armado dá dinheiro. E se dá dinheiro a máquina funciona.
Dinheiro. Títulos comerciais. Bolsa. Mercados. Tudo seguro. Tudo vazio e feito de areia.
Como este clima de sagrada abastança não podia continuar por muito tempo, comecei a dizer aos meus amigos que algo vinha para aí. Tinha que vir. Falei em voltar à enxada. E que podíamos ser forçados a experimentar uma luta selvagem pela sobrevivência. Disseram que exagerava. Que era medo.
E, de repente, a crise do sub-prime de 2008 parecia dar-me razão.
Histeria total. Pânico. Madoff. Suicídios financeiros. Lehman Brothers. Casas entregues a troco de Zero. O dinheiro (afinal) não existia. Era tudo ficção. Era o fim. O fim das nossas sociedades, o fim do nosso estilo de vida. O fim.

Mas... amainou, e, como vivemos tão obcecados por uma ilusória segurança, as coisas começaram a voltar ao normal. Os Bancos a emprestarem o dinheiro que não têm, os Governos a usarem o dinheiro que não é deles, e todos a vivermos uma doce realidade virtual. Universo paralelo.
Amainou. Só amainou porque se adiou desenrascadamente até ao impossível. Porque agora voltámos ao expectável. Portugal recorre ao FEEF e ao FMI e nós que julgávamos estarem tão distante os anos 80, voltámos à mesma, como o aluno que chumba e nunca aprende. Ao menos a mudar de vida. A fazer outra coisa.

É aqui que me separo do Tyler: "Não ficaremos na História. Nada faremos digno de registo." Não acho.
Estamos enfiados num Fight Club tramado. Somos a Geração do Meio, sim, ou a Geração Só. Não temos ninguém ao lado, coisa que não se via nas gerações passadas, onde os pilares fundamentais da sociedade sustentavam tudo e garantiam estabilidade.
Hoje estamos por nossa conta. Os Governos mentem-nos. A Justiça quer ser política. Os Bancos vão à falência. As empresas governam-se. Os jornais dizem-nos o que outros querem dizer. Todos se servem e fazem batota. E a família (quase) inexiste. Muitos avós têm que continuar a trabalhar. Não há reformas. Os putos ficam entregues por aí. E um dia vão cobrar.

Esta é a nossa Revolução. Mudar isto. Este é o nosso Fight Club. E agora aguentar a borrasca que se adivinha. Eu estou cá.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

sábado, 10 de abril de 2010

O Fight Club

Tyler Durden, o lendário Tyler do “Fight Club”, num dos melhores diálogos do filme, diz a determinada altura que eles (nós) pertencem(os) à Geração do Meio.
Queria ele dizer – julgo – que, como o irmão do meio, filho para quem em geral a família se está nas tintas, à nossa geração também ninguém liga muito.
Tyler depois desenvolvia um bocado a ideia: que éramos uma geração facilitada, que não havia grande rumo, que as dificuldades tinham ficado para os mais velhos e que a nossa geração estava basicamente entregue a si mesma porque ninguém queria saber de nós, nada iria acontecer de relevante nos nossos anos e não íamos ficar na História.
Há algo de assustadora e desesperadamente verdadeiro nisto.

Só não concordo com a conclusão: não ficarmos na História.
Tenho pensado muitas vezes neste tema. Tenho discutido muito, e o que digo, apesar da veemência do discurso, não tem feito muito eco. Aliás, que me recorde, só uma pessoa esteve comigo. Um raio, ou melhor, um corisco.
O problema é, em suma, este.
Nascemos e crescemos em democracia. Temos conforto, sofás e há o IKEA. Os anos 80 e 90 foram anos de progressiva ascensão económica e social. Chegámos ao mercado de trabalho em 2000. As nossas vidas foram bestialmente perfeitas, certinhas, previsíveis.
Quando podíamos ter ido fazer qualquer coisa, escolhemos uma carreira. Já o dizia Mark Renton, no final do Trainspotting. E pronto. Uns melhor, outros menos bem, começámos a trabalhar e a ganhar (logo) relativamente bem. Não há sobressaltos. A vida corre como planeado, temos 30 anos e não há crises.
Isto não quer dizer que não haja dificuldades. Há e (parece-me) mais do que algum dia. Não se pode é comparar estas com as de "antigamente".
Falando apenas do séc. XX, lembro as sucessivas convulsões políticas, sociais, económicas que os nossos pais, avós e bisavós atravessaram. Foram alturas de verdadeira escassez. Duas guerras mundiais, recessões económicas, queda de impérios coloniais, independências, para, numa palavra, chegar à Liberdade.
Connosco nada disso. Claro que há as ameaças do terrorismo, mas estas também servem para financiar o produto bélico. Dinheiro. Títulos comerciais. Bolsa. Mercados. Tudo seguro. Tudo, afinal, tão vazio e feito de areia.
Como achava que este clima de sagrada abastança não podia continuar por muito tempo, comecei a dizer aos meus amigos que algo viria para aí. Tinha que vir. Falei em voltar à enxada. E que podíamos ser forçados a experimentar uma luta selvagem pela sobrevivência. Disseram que exagerava. Que era medo.
E, de repente, a crise financeira de 2008 parecia dar-me razão. Histeria total. Pânico. O dinheiro (afinal) não existia. Era tudo ficção. Era o fim. O fim das nossas sociedades, o fim do nosso estilo de vida. O fim.

Mas... amainou, e, como vivemos tão obcecados por uma ilusória segurança, as coisas começaram a voltar ao normal. Os Bancos a emprestarem o dinheiro que não têm, os Governos a usarem o dinheiro que não é deles, e todos a vivermos uma doce realidade virtual. Universo paralelo.
É aqui que me separo do Tyler: "Não ficaremos na História. Nada faremos digno de registo." Não acho.
Estamos enfiados num Fight Club tramado. Somos a Geração do Meio, sim, ou a Geração Só. Não temos ninguém ao lado, coisa que não acontecia com as gerações passadas, onde havia pilares fundamentais da sociedade que garantiam estabilidade.
Hoje estamos por nossa conta. Os Governos mentem-nos. A Justiça quer ser política. Os Bancos vão à falência. As empresas governam-se. Os jornais dizem-nos o que outros querem dizer. Todos se servem e fazem batota. E a família (quase) inexiste. Muitos avós têm que continuar a trabalhar. Não há reformas. Os putos ficam entregues a quaisquer uns. E um dia vão cobrar.
Esta é a nossa Revolução. Mudar isto. Este é o nosso Fight Club.