Não é que eu fosse ingénuo ao ponto de pensar que a Comissão Parlamentar de Inquérito ao negócio PT/TVI pudesse mostrar algo diferente no modo de se estar na política em Portugal. Mas o que se passou naquela Sala da AR é mau demais para se ficar calado. E ninguém está virgem.
A CPI visava apurar se o Sr. PM tinha mentido ao país quando afirmou desconhecer a existência do negócio, ou, mais pomposamente, qual o grau de ligações que o Estado/Governo era capaz de manter com empresas privadas a fim de poder vir a controlar um órgão da comunicação social.
Bom, para responder a isto não era necessário ter constituído uma CPI.
Alguém duvida que Sócrates tenha mentido ao país ? Nem a minha filha de 4 anos !
E alguém duvida que o Governo, desde que é Governo, oficial ou não oficialmente, tenta controlar a comunicação social ? Também não.
Então, não sendo necessária esta CPI, podia talvez ela ter revelado alguma utilidade.
Não falo do interesse que Pacheco Pereira e João Oliveira tinham em trazer as escutas telefónicas ao PM para a praça pública, mas de outra coisa: de um mínimo de decência. Um mínimo de decência no serviço público. Ou simples respeito pela inteligência dos portugueses.
É certo que o PS anunciou que para esta CPI iria enviar a sua dream team, os seus pesos- pesados. E não nos enganou: o inenarrável Ricardo Rodrigues (sim, o mesmo dos gravadores), o tenebroso Osvaldo Castro, e os aparelhistas Vitalino Canas e Ana Catarina Mendes. Juntos representaram o que há de pior na política nacional.
Desde o início dos trabalhos da Comissão que esta quadra tratou de impedir todos e quaisquer intentos dos demais deputados que pudessem beliscar o chefe. Eles abandonaram a Sala, eles levantaram incidentes de suspeição para mudar de relator, eles interromperam a inquirição de deputados quando estes se encontravam em pleno uso da instância ou, simplesmente, vetaram tudo o que não fosse favorável aos seus objectivos, isto é, que desta CPI não resultasse nada. Uma verdadeira tropa-fandanga.
Alguém (talvez eu) lhes devesse ter dito que não são advogados do Sr. PM, que não estavam ali para proteger o Secretário-Geral do partido das chispas da oposição (que ali o não era), que representam o país, que se encontravam na CPI no exercício de um mandato que lhes foi atribuído pelos cidadãos e que estes querem (como queriam) saber a verdade do que passa nos "tapetes do poder".
Como não foi assim, como não houve decoro ou sequer respeito pelas aparências, tudo não passou, portanto, de uma reles palhaçada. Que envergonha.
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