sábado, 10 de abril de 2010

O Brilhante Navegador*

Há uma invenção muito querida. Muito útil, simpática e necessária.



Talvez por já não sabermos às quantas andamos venderam-nos o GPS (Geo...(porra?)... System). Venderam-nos não, porra ! A mim não. Nunca o comprei. Nem quero.



O GPS é porreiro. É porreirinho. É ridículo.



É um quadradinho giro, com um ecrã de muitas cores, linhas e bolinhas. É móvel e é moderno.



Instala-se no carro, num aplique bonitinho, pede uma senha e... zás: estamos na morada certa. Tudo se localiza, tudo é localizável, tudo é traçável, tudo se sabe, tudo se encontra. É um satélite. É bestial !



Fala, diz onde estão os radares da polícia, dá notícias e, desconfio, até deve dar música. Bestial !

O GPS é uma invenção impecável, porque dantes não se encontrava nada. Um gajo queria ir daqui para o Porto e népias. Um gajo queria saber onde era a casa nova de um amigo ou um bar recém aberto e nunca lá chegava. Era tudo anónimo. Tudo um gigantesco segredo. Não havia mapas, setas, direcções e muito menos o boca-a-boca. Não havia raparigas bonitas, nem conversas que começavam por aí. Não havia perguntas a um grego que responde em grego o caminho para a praia de Manganari. E percebemos !
E, portanto, não havia Roma. Quanto mais a surda da Islândia. Se um gajo se metesse numa aventura dessas, o mais certo era acabar dentro de um vulcão e ser cuspido quando ele quisesse.



O que tem piada é que eu nunca me perdi.



O que tem piada é que quando eu e um amigo atravessámos o deserto de Spregisandur, que fica entre dois glaciares, percebemos o sentido da rota. Se estávamos no Norte, tinhamos que ir para Sul. Onde é que o Sul ? Para baixo, claro !
O que tem piada é que já dei muitas voltas e dei sempre com a casa. Não deixo de me espantar com isto, mas é verdade.
Quando fui a Sarajevo não havia comboios, (quase) não havia estradas, o chefe que conduzia o autocarro parava de meia em meia hora para meter mais um whisky no bucho, e mesmo assim aparecemos em Zagreb.
Em Amesterdão, e entregues ao violento space cake do “Jolly Joker” (era ?), encontrámos a saída.
Também estivemos no Sahara e, que me lembre, os camelos só tinham bossas.
E em Havana, Cienfuegos ou Trinidad os GPS’s são como charutos. Todos têm um.

O que tem piada é que eu nunca me perdi.
Minto. Perdi-me uma vez. Tinha 3 anos. Estava na Baixa com os meus pais e era Natal. Ainda hoje me lembro disso. Do cagaço.



* Advirto os desatentos que este GPS não é de ar nem de mar. Não sou louco. Com oceano por todos os lados ou no meio de um céu estrelado não há bravura ou velha guarda que resista.

Um dia escrevi isto. Continuo igual.

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